Samu: condutores falam do drama pessoal

Um sistema implantado para dar agilidade nos atendimentos de urgência e emergência. Essa é a finalidade e o motivo da criação do Samu em todo o Brasil.

 Mas desde que entrou em funcionamento também em Piratini o serviço é o fiel retrato de um sistema com falhas graves e reclamações.

 Até mesmo seus integrantes concordam que a falta de campanhas permanentes de esclarecimentos junto à população tem sido   responsável por fazer com que uma boa parte da comunidade, de forma injusta, desconte  sua ira exatamente naqueles que estão na linha de frente: os atendentes.

 Ofensas, ameaças, situações constrangedoras  que podem interferir no socorro a vitimas são responsáveis pelo drama que hoje também passa a equipe de socorristas locais.

 O Blog Eu Falei, ouviu cinco desses profissionais e o que você vai ler abaixo  integra  parte dos desabafos de quem atualmente, dentro e fora do trabalho, já não trás consigo apenas o orgulho e o amor pela profissão, se somando a isso a aflição de não saber como irão se comportar os populares e familiares que os estarão os aguardando na chegada ao local da ocorrência.

 

Edilema Sória Rosa, técnica em enfermagem é um dos exemplos da magoa e pressão que se instalou na equipe.

 Em seu depoimento, emocionada, ela não se esquece do dia em que ouviu ofensas e vaias de um ginásio inteiro ao atender um chamado em um dos jogos do campeonato local.

 Ao ser liberada pela central, a ambulância chegou rapidamente, mas os plantonistas não sabiam que a mais de meia hora o publico e o ferido aguardava pelo socorro.

 - Naquela noite partimos assim que recebemos a autorização e até este momento nem mesmo nós estávamos sabendo dos acontecimentos.

A torcida vaiava em protesto pela demora. 

 Quando somos ameaçados e ofendidos, ao retornar à base eu me sinto a pior das profissionais. Essa foi a sensação, o que voltou a ocorrer  recentemente quando o rapaz caiu da bicicleta e morreu no Padre Reinaldo.

- Não quero que a comunidade me veja como heroína pelas vidas que ajudo a salvar e sim como um ser humano, pois nem sempre quando chegarmos ao local a vitima vai estar viva.

 A  dor de ser mal tratada e  julgada por  pessoas que não sabem o que estamos passando têm influenciado em tudo que faço-

Angélica Maciel, 44 anos, compartilha do cotidiano da colega alterado em virtude dos últimos acontecimentos. 

 - Você já sai nervosa por não saber o que vai encontrar no local do fato.

Procuramos nos manter focado na vítima, pois se a gente der importância para o que estão falando isso pode atrapalhar no socorro

.Estamos tristes, magoados e eu entendo que a população deveria nos ajudar e não nos criticar.Peço que vocês reflitam sobre isso e percebam o quanto estão nos prejudicando.

Sérgio Silveira, condutor socorrista do Samu há pouco mais de um ano, conta que ainda não passou por situações constrangedoras ao estar vestindo ou não o uniforme, mas lamenta pelo que classificou como “ignorância da comunidade” que por não saber como funciona o sistema volta-se contra os profissionais

- Estou magoado pelos meus colegas, mas não culpo tanto a população que está fazendo isso por desinformação.

Acho que os meios de comunicação e os órgãos de saúde deveriam tomar esta postura de esclarecimento para quem vive na ignorância.

Vejo o nosso serviço como de excelência e o Samu no RS está entre os melhores do país e hoje Piratini tem isso, um socorro eficiente com equipamentos adequados que  já salvou e ainda vai salvar muitas vidas.

Para Cléia de Ávila Azevedoconhecida como Chica, existe um falta de respeito com ela e seus companheiros pelas vidas já salvas.- Ouço comentários que não há necessidade de ter Samu em Piratini.  

A comunidade está errada e não sabe o amor que temos pela profissão e o respeito que sentimos pelo ser humano e por todos que já foram atendidos por nós.

Ninguém vai paras as vias de comunicação falar sobre isso.Eu atendi uma senhora já sem sinais vitais e ajudei  salva-la. 

 Ela foi a minha casa e me deu flores em forma de agradecimento e disse: ”eu estou aqui hoje passeando com meu neto por sua causa”.As pessoas só vão a mídia falar o ruim.

É um serviço de ultima geração que é claro que  apresenta seus problemas  eu já aprecisei acioná-lo e sei que é normal se irritar com as perguntas feitas pelo atendente do 192 mas isso não dá o direito de nos ofenderem.Nada paga o sabor de salvar uma vida!

Adão Almeida que também é condutor socorrista, repudiou a situação que para ele já está no campo pessoal. 

- Tão levando para um lado pessoal e estão magoando pessoas que saem de suas casas, deixam suas famílias e vem pra base da o melhor de si. 

É uma função muito estressante onde em um plantão pode não acontecer nada mas nos mantemos na  pressão que hoje não é só do atendimento mas também em torno dele. 

Muita gente hoje por falta de esclarecimento senta em frente a um computador para postar críticas sobre nós na rede social e essas deveriam utilizar a ferramenta para pesquisar e se informar como funciona e acima de tudo perceber que aqui há seres humanos e criticas não estão nos ajudando-