Bica: um ponto turístico mal tratado

A convicção de que explorar o potencial turístico da Primeira Capital Farroupilha  é a porta de entrada para o desenvolvimento sócio-econômico da cidade e também a saída para que Piratini seja uma exceção, assim como Rio Grande que detém o pólo naval e, não mais esteja inserida no esquecimento no qual se encontra a metade sul, aparece no topo das manifestações públicas há várias décadas.

Tomar água na bica ainda é possível. Mas não mais que isso.

Ao menos essa é a visão quando chegamos à Rua Fonte dos Pinheiros, local onde se encontra a histórica Bica,tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado, o IPHAE, que desde 1810 jorra o líquido preciso sem cessar. Ela faz parte do roteiro e  é passagem obrigatória para os turistas quem vem à cidade conhecer o berço farrapo, mas nem mesmo a sua importância parece sensibilizar para que receba um tratamento à altura, pois durante a revolução farroupilha forneceu a água consumida pela população piratiniense.

Limo, às vezes lixo, sujeira, ausência de placa de identificação, acesso adequado, informações sobre seu histórico e uma total falta de manutenção são alguns dos problemas possíveis de identificar já na chegada desse que deveria ser um cartão postal do município.
 Em torno da fonte, uma enorme área de mata, grande parte nativa e que poderia ser explorada tornando o acesso e entorno do local imensamente atraente para a comunidade e visitantes.
 

O casal José Fernando e Nilma Zaneti, vizinhos a famosa Bica desde 1989, quando ao lado da fonte construíram sua moradia, lamentam diariamente a forma como a vizinha fonte de vida é tratada.

- Diariamente e sem sair de casa, vimos turistas visitarem a fonte e o que eles encontram é lodo, sujeira e desperdício. Essa é a impressão que levam de como nós tratamos as nossas riquezas- lamenta a moradora de 64 anos.

- Parte da vertente está dentro do meu pátio e eu fiz um reservatório e consumo esta água. Falam tanto na importância de se manter as fontes naturais e de não desperdiçar água e aqui vimos o exemplo contrário- acrescenta João José que gostaria de ver a construção de uma canalização adequada e de um grande reservatório que armazenasse os milhares de litros d’água que todos os dias tomam rumo desconhecido, mas que podiam abastecer uma boa parte da cidade.