terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Médico fala da luta para salvar menina em Piratini

Terça-feira- 17 de fevereiro

Mesmo com 40 anos de atuação, caso em Piratini assustou o obstetra
A Polícia Civil através do delgado Rafael Lopes permitiu recentemente o acesso da impressa à ocorrência onde a mãe denuncia que o padrasto é o autor de um estupro de uma jovem de 15 anos que resultou em uma gravidez indesejada.

Ocorre que, para livrar-se do ato criminoso, o padrasto teria adquirido e convencido à garota a ingerir quatro comprimidos do abortivo Cytotec, vendido geralmente em Pelotas por camelôs que o adquirem em países de fronteira como Uruguai e Paraguai, já que no Brasil a fabricação é proibida.

O Fato se deu em 15 de janeiro deste ano e, mesmo com 41 anos de profissão como obstetra, foi responsável por assustar o médico Fernando Medina tal o estado em que a paciente deu entrada no Pronto Atendimento do Hospital Nossa Senhora da Conceição, o que segundo relata, o fez junto com sua equipe, travar uma batalha para salvar a vida da menina.

Foi violento. Ela estava com 13 semanas e meia de gestação. Posso dizer que a garota esteve na berlinda, quase morreu. Deu entrada com choque hemorrágico, perdendo muito sangue e a pressão arterial foi a sete por quatro. Lutamos para conseguir salva-la e, quando a estabilizamos para poder enviar ao Hospital São Francisco em Pelotas, foi que, através de uma enfermeira com quem a deixei, ela confessou o uso do Cytotec – relata o médico.

Conforme o obstetra, a paciente falou que fez uso de quatro comprimidos, o que o leva a desconfiar pelo seu estado, que cada foi de doses quatro vezes maiores do que o utilizado em Centros Obstétricos para este fim quando necessário.

Medina explica que o medicamento fabricado para tratar doenças gástricas, mas que foi proibido no Brasil há mais de duas décadas porque entre os efeitos colaterais estão cólicas fortíssimas, contrações uterinas aceleradas e descolamento da placenta, hoje tem outra versão com o mesmo princípio ativo fornecido para unidades de saúde e só pode ser indicado e usado pelo especialista.

- Ele é extremamente controlado, mas, as pessoas tem acesso à versão proibida no país e fazem uso conforme a orientação de quem o vende, sem a dosagem e a quantidade corretas. Tem muita gente ganhando dinheiro com isso – estima.

Fernando Medina conta que em mais de quatro décadas de atuação, não foram poucas as mulheres que, grávidas, o procuram para saber a dose ideal ou pedir a indicação. Um caso não lhe sai da memória.
- Em Pinheiro Machado uma mulher adquiriu 20 e tomou todos. A sorte dela é que havia sido enganada já que os comprimidos eram falsos, senão, a morte era algo certo e, como forma terapêutica, seu princípio ativo no Brasil é usado para a vida – Frisa.
Procurada, a mãe da menina se recusou a falar sobre o assunto.
A Polícia instaurou inquérito para apurar a responsabilidade.




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