Escute muito. Valorize mais os dois ouvidos para que sua única boca somente propale palavras sábias e oportunas. A propósito, eis o provérbio árabe: “que minhas palavras sejam melhores que o meu silêncio.”
Porém escutar não quer dizer aceitar passivamente o que ouvimos. A propósito, eis outro provérbio: “a palavra tem um efeito nos lábios e outro nos ouvidos”.
Como não vivemos em um país de doutores, é óbvio que escutamos muitos cacoetes de linguagem e corruptelas, ou, comumente, palavras erradas.
Recente censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) registrou 14 milhões de analfabetos no Brasil. Se considerarmos os critérios utilizados pelo IBGE, tais números são ainda mais temerários: hoje, é considerada alfabetizada a pessoa capaz de ler e escrever um bilhete simples.
Por isso, não devemos gracejar de quem fala diferentemente da língua oficial, mas buscar entender o contexto daquele elemento de comunicação.
É comum se ouvir um agricultor falar “Drento” ao invés de dentro, “bão” ao invés de bom; ou se escutar políticos repetirem o bordão “é fundamental”, como se não houvesse outra forma de se dizer que algo é importantíssimo; ou, ainda, “faz parte”, “com certeza”, e referentemente a apresentadores de rádio e televisão: “não saia daí”.
De outro lado, uma linguagem empolada, como a típica do mundo jurídico, acaba por cansar e dificultar o entendimento dos ouvidos da maioria popular.
Vamos fazer da língua um instrumento eficiente de comunicação, sem preconceitos, de clareza quanto a nossas ideias, livre de agressões a quem quer que seja.
Para finalizar, a fim de cuidarmos bem do que dizemos uma frase de Antoine de Saint-Exupèry, na obra “O Pequeno Príncipe”:
“A linguagem é uma fonte de mal entendidos.”
Juarez Machado de Farias
juarez.piratini@yahoo.com.br
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